Bruxas

 

Bruxaria Medieval Do Paganismo à Heresia

A propagação de conhecimentos ocultos levou ao fortalecimento

da figura das bruxas, algo que era, ao mesmo tempo, respeitado

e temido como uma herança de tempos antigos. Mesmo assim sua

associação com o profano e o proibido levou a Igreja Católica a

tomar medidas para combater mais esse mal na terra.

Nietzsche (1844-1900), em seu O Livro do Filósofo, refere-se ao

período da seguinte maneira: "A história e as ciências humanas

foram necessárias contra a Idade Média: o saber contra a crença..." .

O estudo do período medieval se inicia, deste modo, imerso

em errôneas pressuposições. Um engano grosseiro que,

aos poucos, se desfaz. Eventos importantes ocorreram.

Um deles foi a solidificação do cristianismo, que criou Instituições e Dogmas,

permitindo que nos refiramos a esta institucionalização como Igreja.

Olhar para a Idade Média como algo de importância própria é o mínimo

para se desfazer este mal-entendido; mas falemos de bruxaria. E de bruxas.

Como os registros históricos, principalmente aqueles

vinculados à Inquisição e ao Santo Ofício, nos dão conta de que em cada

quatro casos envolvendo bruxaria três eram com mulheres -

outras fontes indicam números ainda mais insignificantes de homens -

focaremos aqui o aspecto feminino do mito. As novas cores com

que foram pintadas neste período, de certa maneira, tangencia

como o papel da mulher também se modificou. Começaremos por

uma visão panorâmica do assunto.

Origem do Termo O termo "bruxa" se perde no tempo, remontando

facilmente a épocas pré-romanas. Em inglês, a palavra witch pode

significar tanto bruxa, quanto feiticeira; provavelmente tem sua

origem nos termos anglo-saxões "wissen", (conhecimento) e

"wikken" (adivinhação). Vinculando, portanto, as bruxas a atividades

adivinha tórias e àquelas relacionadas com o acúmulo de conhecimento,

como o trato com as ervas e raízes.

Neste contexto, podemos traçar o perfil das bruxas,

de forma geral, como personalidades femininas que

estavam envolvidas em práticas "medicinais" (chás,

beberagens e uma infinidade de outros artifícios para curar os enfermos)

e vaticínios (profecias). Coisas que nas sociedades antigas, de certo modo

também nas atuais, em nada se diferenciavam entre si, sendo ambas

entendidas como Magia.

A Magia sempre foi entendida como uma interferência na ordem

natural das coisas, uma ingerência, obtida por meio de palavras,

gestos, objetos, oferendas, estando sempre relacionada com

o sobrenatural. São das concepções mágicas do mundo que brotam

as religiões. Aqueles que com ela se envolviam, por aprendizado

ou por dom inato, sempre gozaram de um certo status social. Uma

lacuna quase sempre preenchida pelas mulheres que, desde sempre, são

mais identificadas com o sobrenatural.

O exemplo que nos chega do que seriam estas personalidades femininas

são as parteiras e as benzedeiras, ainda tão presentes na vida de muitos

brasileiros que vivem longe dos grandes centros e que, recuando-se

poucos anos (40 no máximo), podemos identificá-las mesmo dentro de

nossas famílias (minhas duas avós, tanto materna quanto paterna,

eram parteiras e benzedeiras).

Estas mulheres estavam portando plenamente integradas ao grupo

social. Não que estas relações fossem sempre pacíficas, muito pelo

contrário; em épocas em que a mortalidade infantil era assustadora,

a figura da parteira tendia a oscilar entre salvadora e carrasca.

Convém nos lembrarmos também que neste mesmo extrato social

ainda se inseriam os desviados, os doidos, os desajustados e tantos outros,

todos vistos, de uma maneira ou de outra, envolvidos com o sobrenatural,

consequentemente, com a Magia, sendo ela mesma, já habitada por

outros tantos mitos e crendices. Aqui temos outro elemento que,

invadindo o plano real, irá marcar profundamente a figura das bruxas:

os Mitos.

Na Roma antiga existiam as Strix (origem da palavra italiana strega = bruxa);

eram mulheres que, em certas noites, transformavam-se em corujas e

procuravam crianças para sugar-lhes o sangue. Monstros similares eram as

"stringlas" gregas. As germânicas "streghe" podem estar neste mesmo caldeirão.

A Grécia, em especial, é particularmente rica em mitos de monstros

femininos que facilmente se associam a bruxas. Em sua vasta

mitologia encontramos Atena, deusa da Sabedoria, cuja ave

preferida é a coruja e que leva ninfas para um revigorante voo

noturno sob o luar. A vingativa Lâmia, que, tendo perdido

seus filhos, vinga-se sugando o sangue de crianças. Medeia e seus muitos

feitiços, capazes até de devolver a juventude ao já velho Esão, pai de

Jasão. Circe, que transforma a tripulação de Odisseu (Ulisses) em porcos.

As tessalianas, que podiam assumir a forma de qualquer animal.

As Sibilas, e muitas outras.

Assim colocados, lado a lado, pessoas reais e entes míticos, pode parecer

estranho, porém é necessário um esforço de nossa parte em tentar entender

que, em um mundo complexo, porém pouco compreendido como o

antigo, bem como o medieval, todos estes elementos inevitavelmente

se promiscuiriam, gerando um amálgama onde todas as partes envolvidas

seriam chamadas de feiticeiras, magas, catimbozeiras, parteiras, curandeiras,

benzedeiras e muitos outros nomes que, à época, tinham significados

similares: bruxas, deixando claro que a fronteira entre o imaginário e o

real era muito mais tênue do que podemos supor.

Vemos assim, que em praticamente todas as sociedades pré-medievais a

figura feminina, com maior ou menor intensidade devido à sua capacidade

de gerar vida e sua condição de "sexo-frágil", sempre foi relegada

à casa e aos filhos, associando-se ao bem-estar. Por outro lado, também

eram capazes de terríveis vinganças e sórdidas maquinações.

Hécate, deusa grega da bruxaria, que vagava pelas noites, sendo vista

somente pelos cães que ladravam à sua passagem, às vezes aparecia

associada à deusa Diana (Ártemis), a Lua. Na Idade Média os dois

mitos praticamente se fundiram.

A Bruxa Primordial

A bruxa primeva é, portanto, o resultado mágico da fusão da mulher sábia,

aquela que auxiliava no parto e cuidava das enfermidades, dos vitimados

pelo sobrenatural, os desajustes mentais e sociais e dos muitos monstros

sugadores de sangue que povoavam o imaginário popular, estando

inequivocamente ligada a elementos naturais, a um saber ligado à terra,

aos seus ciclos e aos seus muitos deuses; em especial os da fertilidade,

em suma, Pagã. Um ser que vivia na tênue fronteira entre o real e o

imaginário. Uma figura complexa. E ambígua.

Essa ambiguidade, tão presente (a mesma erva que cura pode

também matar) foi uma constante; e neste ponto não se restringe

apenas à questão de gênero nem de época, sendo o médico de

hoje tão vítima desta desconfiança quanto a bruxa de outrora. Esta desconfiança,

disfarçada,

mas nunca superada, contribuiu para a existência de um convívio no

meio social, no mínimo, delicado.

Situação facilmente estendida para todas as mulheres que, com seus

humores e sangramentos, sempre esteve envolta pelo manto do sobrenatural.

A distinção social dada à bruxa e a seus saberes tipicamente femininos

reflete, em certa medida, a distinção dada à própria mulher. Seria fácil,

portanto, nestas sociedades, supor o papel da mulher laureado de um certo

prestígio, ainda que mínimo. Afinal, acima de tudo estava a figura da mulher

como mãe; ela, enquanto geradora de vida, assumia maior importância até do

que o seu fruto, o filho.

 


Tela do pintor norte-americano Douglas Volk (1856-1935) que mostra uma acusação de bruxaria, muitas vezes feita em tom dramático

Contexto

Na Idade Média isso mudou. Para pior.

Neste ponto é necessário se fazer uma pequena

introdução sobre os muitos povos, diferentes entre si,

que habitam a Europa neste período.

A Idade Média se inicia; segundo alguns

defendem, com a queda do Imperador

Augústulo (algo como Augustinho) em 476 d.C -

indo terminar com a queda de Constantinopla

(1453 d.C.). A condenação ao exílio deste trêmulo

rapazola, que recentemente perdera o pai, Orestes, marca

a queda do Império Romano do Ocidente e o fim da Antiguidade.

Data meramente ilustrativa, uma vez que a agonia do Império

Romano foi um processo longo e seus ecos persistiram por muito tempo.

O fato é que o desmoronamento da bem azeitada máquina

administrativa romana - da qual a Igreja é a herdeira direta - lançou

todo o continente, sua maior parte pelo menos, em um confuso

desmantelo. É no bojo deste efervescente caldeirão de raças e credos,

em meio a estes povos em franco processo de aculturação, que

aqui, para efeito de simplificação, iremos reduzir para duas correntes

principais: Os "Romanos", aqueles que estavam integrados no moribundo

Império, sendo ou não 100% romanos. E os "Germanos", todos os povos

que, pressionados pelos hunos, por outros povos, pela escassez de

terras cultiváveis ou ainda pela própria fragilidade do Império

Romano, desceram das frias terras do norte, avançando pelas

praticamente inexistentes fronteiras romanas.

Todos estes povos tinham suas bruxas, e viam a mulher sob

óticas diferentes. Ainda mais interessante é dizer que as próprias

mulheres se viam de forma diferente. Foi neste ambiente, em que

todos influenciavam e eram influenciados, nos séculos em que se

fomentou a formação das futuras nações que se consolidaram

na Idade Moderna, é que assistimos o cristianismo (aquele nascido

no Concílio de Niceia (325 d.C.), tornado de Estado no Édito da

Tessalônica (380 d.C.) e reforçado nos outros muitos concílios que se seguiram)

se tornar uma Instituição e ganhar corpo. Força. Poder.

É no confronto direto com esta "nova" religião que

o mito da bruxa ganhará os contornos que hoje vemos e em paralelo,

assistiremos o delinear de uma nova posição a ser ocupada pela mulher,

pois, no seu processo de "formatação", a religião criada em nome

do Cristo afasta, paulatinamente, as mulheres dos seus nichos de poder,

assumindo, em definitivo, seu aspecto Patriarcal. Justo a religião que,

em seus primórdios, galgou importantes degraus apoiada por mulheres

(vide a mãe e a esposa de Constantino).

É na institucionalização do Cristianismo que a mulher perde sua projeção

inicial, relegada a um papel subalterno na Igreja que nascia. Uma nova

 

realidade era escrita, não sem conflitos, arbitrariedades, sangue e Fé Verdadeira.

Uma realidade regida por um Deus Único. Nas famigeradas "Três Ordens" (séc. XI)

os que oram ocupam o topo da tríade.

Um dos passos mais importantes dados pela Igreja no sentido de

exercer controle sobre seus seguidores foi dado no

Concílio de Latrão (também chamado Latrão IV), convocado pelo

então papa Inocêncio III, em 1215. Onde, dentre muitas outras

resoluções, estabeleceu-se a obrigatoriedade da Confissão.

Todo Cristão, a partir dos sete anos, ficava obrigado a se confessar

com um sacerdote pelo menos uma vez por ano, correndo o risco

de excomunhão se não o fizesse. Neste concílio também é recomendado

aos padres uma atenção especial às heresias, estimulando o

interrogatório em casos de suspeitas e, caso ficasse comprovado

o desvio, a punição (lembremos que à mesma época existia a perseguição

aos Cátaros).

Nessa nova realidade que surgia era o Filho, não mais a Mãe, a figura de

maior importância. Mesmo que haja, principalmente após as Cruzadas

(séc. XI a XIII), uma certa redescoberta do feminino cristão, na figura

de Maria, a relação de primazia estava irremediavelmente comprometida.

E aquele saber das bruxas, desde há muito associado a deuses

muitos, será marcado indelevelmente pela chegada do Deus Único.

Apoiado nestes pressupostos é inegável que a Idade Média irá assistir a

um reescrever do papel da mulher na sociedade, coisa que já vinha

sendo delineada, mas que naquele momento ganha novos e fortes

contornos. A mulher do cristianismo não é a mesma das religiões pagãs.

Não diria nem melhor nem pior, só diferente. No período medieval estas

mulheres se chocarão. O imaginário popular da época irá opor, bem ao

gosto da época, duas

figuras diametralmente opostas: a bruxa e a santa.

Uma, no sentido espiritual, tocada pelo Divino e a outra, no sentido

mais carnal, tocada pelo Profano. A sexualidade feminina será

o principal campo de batalha destas novas concepções. Não creio

ser necessário dizer qual o nome reservado para as mulheres das

religiões pagãs.

O Sexo, tão comum e natural nas religiões primitivas, torna-se, no

decorrer dos séculos, a ruína dos homens. A leitura dos livros que

compunham a Bíblia (aqui me refiro aos canônicos), uma das

muitas possíveis, em que se constata que o Cristo, em não sendo casado,

morreu puro, cria uma ideia, gestada nos mosteiros e disseminada por

todos os cantos, que a demôniosos primórdios, que opunha Bem e

Mal em uma disputa incansável, vemos o surgimento de outras frentes

de batalha. Contra os infiéis que, ignorantes do Cristo, mereciam esforços

para a salvação; contra aqueles que professavam outros entendimentos do

mesmo Cristo; contra aqueles que abandonavam as fileiras da Igreja, e agora

contra o desejo e a volúpia, que minavam a vontade dos homens, abriam

espaço para o pecado.

 


Pintura na parede externa do Mosteiro de Rila, na Bulgária, retratando as bruxas e parte delas com os demôniosos

A Posição da Igreja

Para a Igreja, porém,

a luta era uma só, e louvável:

a defesa da Fé, o que significava

a salvação da alma, algo que, visto

no contexto medieval, valia todos

os esforços. Para muitos, ainda

hoje vale. Uma guerra de

muitos frontes e de perdas

consideráveis, calorosamente

travada nos muitos séculos da Idade

Média, uma contenda que

tratava tanto a maledicência e o

malefício, que, claro, existiam, quanto às protociências que despontavam

como sendo puro Mal. Tudo em nome do Dogma que, em última análise,

é tão somente uma Opinião. Todos perderam, mas principalmente as

mulheres, que assistiram, não passivas, mas incapacitadas, um

lento remodelar da sua relevância social.

Relacionar a mulher com o pecado não era novidade - Eva estava

lá desde os primórdios para comprovar a verdade inegável do fato -

porém, este é só um dos aspectos que irão. compor o arquétipo da

Bruxa que nos chega nos dias de hoje. A da bela e sensual jovem,

caminho da perdição. No outro extremo desta composição está a

decrépita e medonha anciã, aquela que tem um narigão e uma ruga

quase tão grande quanto ele.

A madrasta da Branca de Neve, da adaptação para o cinema de

Walt Disney, é um exemplo magnífico por representar, no mesmo

personagem os dois extremos; antes dos filmes da Disney as ilustrações

dos contos dos irmãos Grimm se encarregaram de fornecer o arquétipo

de como seria uma bruxa velha. O caldeirão e a vassoura são outros

elementos associados a elas.

Notar que, em sua maioria, são elementos do cotidiano feminino,

comuns na sua labuta de esteio familiar, que assumem novas

conotações. O objeto onde se cozinha é o mesmo onde se

fundem poções maléficas; a ferramenta de limpeza se torna o meio

de transporte mágico; assim por diante. Nestes elementos, porém,

uma outra leitura é possível, mais sombria, mas necessária; é no seio

do cotidiano, na rotina do dia a dia, no envenenar da comida,

no cozinhar do cachorro preferido e servir como sopa que a vingança

feminina se manifesta.

Novamente notamos a dubiedade do mito, sempre calcado em

um delicado equilíbrio que, na Idade Média, será definitivamente

quebrado com o surgimento de uma nova figura, fundamental

para se buscar uma visão aproximada do que foi a bruxaria medieval: O Diabo.

Demônios dos mais diferentes tipos povoaram o imaginário

medieval, vindos das tradições cristãs: como Asmodeu, Baal ou

Belzebu, Beemot, Lúcifer, entre outros; ou importados de outras

crenças, como o Pã grego, os Sátiros romanos, o mesopotâmico

Pazuzu.

Na Idade Média, o Diabo estava em todos os lugares e as mulheres,

comprovadamente fracas na Fé, eram o seu quintal.

Ardiloso, capaz de mudar de forma, apresentava-se como Súcubbus

(aquela que fica por baixo), para seduzir os homens e Incubbus

(aquele que fica por cima), para quem as mulheres se entregavam.

Notar a sutileza em dizer que as mulheres se "entregavam" e que

os homens eram "seduzidos". As atividades do Diabo, porém,

seriam vistas com um certo desdém até meados do século XIV, é

comum o entendimento dele não como adversário, mas sim como

um empecilho. Até meados do século XI, a bruxaria também será

vista, pela Igreja, com olhos mais complacentes, algo pitoresco,

integrado à concepção popularesca do Cristianismo.

 


Tela de Waterhouse que retrata a preparação de uma bruxa para um de seus rituais. não falta nada, do caldeirão aos pássaros pretos

Os Cristãos

O Cristianismo foi totalmente hegemônico

no longo período medieval. Porém, não

foi linear em seu desenvolvimento, nem tão pouco

homogêneo. O cristianismo praticado nos grandes centros,

tidos como mais cultos, era, em muito,

diferente daquele praticado nos locais mais

afastados, tidos como mais tacanhos.

Nestes locais ermos se mostrava como

uma crença confusa, uma mistura

de crendices, de antigas religiões e dos

ensinamentos ouvidos dos pregadores

das boas novas (Evangelhos). Tudo cerzido

por uma compreensão toda própria do que

significava cada um destes elementos. Porém,

demarcava fortemente o seu espaço, e crescia a

olhos vistos.

O pensamento cristão medieval tangenciou todo o

continente Europeu, indo muito além dele. Logo,

no mundo medieval, ser cristão era quase condição

sine-qua-non para ser aceito socialmente; quem não

fosse batizado era taxado de "Pagão" ou "Infiel", e

vitimado pelo preconceito. Com a invasão muçulmana,

esta situação se radicalizou ainda mais.

Na Idade Média, o Deus Único Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo)

torna-se a fonte de tudo. A realidade está sujeita à sua vontade, uma

vez que Ele a criou pode interferir nela à seu belprazer. Portanto,

para se conseguir algo basta pedir à Sua representante na Terra: a Igreja.

Esta, por sua vez, era auxiliada na árdua tarefa de intermediária por um

sem número de santos, santas e mártires, todos envolvidos em resolver as

mazelas mundanas.

"... Para bolhas e biles, Cosme e Damião; Santa Clara para os olhos;

Santo Apolônio para os dentes; São Jô para as doenças de pele..."

(Scot, Discoverie: A Discourse of Divels, cap. xxvi).

A lista continua, mostrando a especificidade de cada santo em determinada

área, isso sem levar em conta aspectos como a adoração de relíquias

(objetos tocados pelos santos ou até mesmo partes do seu corpo ou vestuário),

a crença pia na transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue

na Eucaristia, nas muitas qualidades divinas da hóstia, da água benta,

dos rosários, dos amuletos, dos escapulários.

O período medieval foi totalmente dominado pela Magia. Outras

épocas também o foram, mas o que torna este período especial são

as tentativas, muitas vezes violentas, de se criar uma Magia única,

de natureza cristã.

De início, a Igreja medieval não perseguiu a crendice, mas

se valeu dela para crescer. Tudo aquilo que não era Divino só podia

vir do Diabo e como o próprio era também uma criatura de Deus,

a hegemonia estava na eminência de ser criada, bastando para tanto

associar cada elemento não pertencente à religião cristã com elementos

que existissem dentro dela. Surgiram assim deuses antigos que foram

transformados em demônios, outros ainda foram substituídos por santos

que executaram as mesmas funções. Para garantir um bom parto não mais

se clamava à romana Lucina, para este momento especial lá estavam Santa

Margarida ou Santa Marpúgis; isso sem falar da própria Maria, mãe de Deus,

que nos chega como Nossa Senhora do Bom Parto. No decorrer da Idade Média,

um monopólio dos aspectos não naturais da vida se estabelece. A faceta

mágica da Igreja Cristã é tão fortemente disseminada que até

mesmo os feitiços e encantamentos perderam o seu aspecto de

manipulação de objetos, digamos naturais, para se tornarem

manipulações sacrílegas de elementos cristãos, tornando-se assim,

herética. Como vemos nos dois exemplos a seguir:

A Bruxa "primitiva", que perdurará, grosso modo, até meados do

séc. XII, em meio a um cristianismo atulhado de crendices de caráter pagão:

"... Então, com os cabelos soltos, deu três voltas em torno do corpo,

enfiou lascas de madeira em seu sangue (...) no caldeirão pôs ervas

mágicas, com sementes e flores de suco acre, pedras do Extremo

Oriente, e areia do litoral (...) a cabeça e as asas de uma coruja,

e as entranhas de um lobo..." (Medeia e Esão: Bulfinch´s mytology - 2006).

A Bruxa "herege", que ganha notoriedade cada vez maior a

partir do séc. XII, frente a um cristianismo que se busca mais puro:

"... E a Fé, toda sua, obtida no Batismo Santificado, em sacrilégio,

renegam (...) a Alma deles posta em perigo, ofensa à majestade

Divina..." (Summis Desiderantes Affectibus: Bula Papal;

Inocêncio VIII- 1484).

No processo que acabou por levar Joana D'Arc (1412-1431) a

um "Auto de Fé", leia-se fogueira, já figurava a palavra bruxa,

vinculada à heresia.

Os banhos de ervas são indicados para vários fins,abrir caminhos, descarrego, limpeza espiritual, atrair sorte, atrair amor,afastar mal olhado, entre outros. As Ervas tem um poder mágico vindo da natureza e auxilia em muitas curas e conquistas.
As ervas são vendidas em feiras e em casas de ervas o melhor banho de erva é aquele feito com a erva fresca pois essa ainda se mantém viva. Você pode comprar a erva fresca e depois separar em algumas partes e guardar o restante enrolado no jornal dentro da geladeira.
Antes de tomar o banho de ervas é fundamental lavar e macerar as ervas com as mãos. NÃO ferver. Usar água filtrada na temperatura ambiente.
Tome primeiro um banho comum e depois jogar o chá de ervas da cabeça aos pés, exceto as ervas que são usadas do pescoço para baixo e indicamos a seguir. Enquanto joga o chá de ervas no corpo, pense na limpeza e na energização áurica, mentalizando apenas bons pensamentos.
As ervas tem seus princípios ativos poderozissimos, nossa grande mãe com sua infinita sabedoria nos proporciona todo medicamento para todos os nossos males espirituais e físicos a maior parte de nossos medicamentos são extraídos da natureza, então porque não acreditar nesse milagre?
Tome banho de ervas elas recuperam e tiram todo peso de nosso stress, ajudam na saúde do corpo e da alma e nos tranquilizam, afastam as negatividades e ainda nos alimentam de energia positiva, faça o uso periódico dessas bençãos, e você sentirá a leveza e o equilíbrio que elas nos proporciona....eu indico ...shaná


 

Shaná irmãos eu sou Dayrin